Espiritismo - Allan Kardec
"Ante o insucesso, descoroçoando-se, afirma-se que se é portador de vontade débil ou se é vítima do infortúnio, do destino ingrato, entregando-se ao malogro aparente.
Em verdade, o empenho pessoal começa no plano do desejo mental, prosseguindo nas tentativas que geram o hábito de realizá-lo, tornando-se parte integrante da própria natureza por fixação AUTOMÁTICA.
O infortúnio é resultado das ações negativas ou dos comportamentos enfermiços que predominam nos arquivos do subconsciente que, por sua vez, conspira com firmeza contra as aspirações novas, INABITUAIS, vencendo-as.
Enfermidades fisiológicas resultantes da somatização dos transtornos psicológicos, assim como bem-estar, alegria de viver, pessimismo, angústia, encontram-se ínscios nos painéis do subconsciente, DE ONDE EMERGEM, então, para que predominem na experiência humana como saúde ou doença, felicidade ou amargura.
Não basta, portanto, anelar por esta ou aquela conquista. Torna-se imprescindível insistir e perseverar, de forma que a potência da ideia inusitada (nova - carregada de novas aspirações) predomine sobre as que se encontram arquivadas comandando os acontecimentos (ideias que causam obstáculos).
Assim sendo, quem deseje a paz e anele pela saúde, pelo equilíbrio, pelo sucesso, não cesse de autoinduzir-se, cultivando os pensamentos vitalizadores das aspirações até anular aqueles que se encontram nos arquivos do subconsciente, que passará a exteriorizar-se com os conteúdos correspondentes da atualidade, das novas fixações psíquicas e emocionais.
Conforme as preferências mentais, os alicerces do subconsciente são compostos dos mais frequentes padrões de pensamentos, QUE ESTABELECEM A CONDUTA DO INDIVÍDUO, por ser essa de relevante importância no seu relacionamento interpessoal, como na sua vivência existencial."
Joseph Murphy Ph.D. em seu livro “O Poder do Subconsciente”, expõe sua tese equiparando o subconsciente ao poder milagroso que cura e que promove bem-estar e felicidade.
Para Murphy, a compreensão da interação entre a consciência a o subconsciente é imprescindível para a transformação dos estados de sofrimento e aflição para os estados de felicidade.
Muitas pessoas tentam mudar o modo de encarar a vida, através das ações, permanecendo intocável a raiz do problema. Para remover a desarmonia, confusão, deficiências e limitações, é preciso remover a causa de tudo isto - a causa é a maneira pela qual utilizamos a nossa mente consciente.
O consciente alimenta o subconsciente - que tudo recebe e tudo aceita como sendo verdadeiro. Partindo deste princípio, o conhecimento dos processos mentais, ou seja, pensamentos, ideias, fixações, imagens, cenas, devem ser muito bem decodificados pela mente consciente e isso requer um certo nível de introspecção. A introspecção, de acordo com o dicionário online Michaelis significa; “ Descrição da experiência pessoal em termos de elementos e atitudes; observação, por uma determinada pessoa, de seus próprios processos mentais”.
Os grandes sábios da antigüidade recomendavam aos seus discípulos o ato de pensar, ou seja, fazer a introspecção através da meditação. No livro dos espíritos, questão de número 919, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores qual seria o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Os espíritos responderam: “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.” Portanto, é imprescindível o conhecimento não somente sobre nós, mas também buscar a verdade. Devemos entender por “buscar verdade” como a incessante busca pela informação.
Acontece o mesmo em relação a oração. Para orar, é preciso saber o que pedir de acordo com a realidade do nosso ser, ciente das nossas capacidades e limitações. Pedir com sabedoria é demonstrar controle sobre nossos desejos reais e aspirações nobres.
Voltando ao assunto principal sobre a relação entre o consciente e o subconsciente; o subconsciente portanto, seria a instância da mente que tudo recebe e tudo aceita como sendo verdadeiro. Diante desta afirmativa, podemos entender que qualquer ideia, pensamento, imagem (figuras) ou cena negativa, que penetre o subconsciente através do consciente, começará a trabalhar para que torne realidade.
Explicarei o processo, através de um exemplo que foi retirado de uma das palestras de Divaldo Franco, que segue:
“Um moça de uns trinta anos de idade, trabalhava em um escritório de contabilidade. Era boa moça, e cumpria com seus deveres, embora não concordasse com o modo que seu chefe, um pouco mais velho, a tratava sempre com descaso, não falava ‘bom-dia’ e tampouco perguntava como ela estava. Todas as vezes que ele gritava com ela, a moça logo pensava: ‘que vontade de dar uns tapas neste homem’ e terminava a frase dizendo ‘que raiva deste homem’.
A moça pintava um verdadeiro quadro em sua mente, apresentando as emoções que imagina que ela teria no momento da agressão, a fisionomia de seu rosto, as palavras chulas etc… A realidade era tanta que ao imaginar a cena, seu coração disparava, apresentando sudorese.
Ela estava alimentando, sem saber, o seu subconsciente que por sua vez começava a trabalhar para colocar o plano da agressão em prática - lembrando que a consciência da moça nada sabia do plano que estava sendo elaborado pelo subconsciente.
Assim aconteceu durante vários dias. Ela dormia pensando na infelicidade que era a sua vida profissional.
Um belo dia, durante uma discussão, de súbito o tapa aconteceu numa fração de segundos, concluindo a cena com o ‘eu odeio você’.
Conscientemente, ela não planejava a agressão, porém como o subconsciente ‘trabalha as escondidas’, o impulso foi muito mais forte do que a razão, e a moça terminou por ser demitida do trabalho. Perguntaram a moça o que passou na cabeça dela para ela ter cometido a loucura, no que ela redarguiu: não sei, não me lembro.”
O material contido no subconsciente determina o nosso comportamento diante da vida.
A frase de Jesus: "a semeadura é livre mas a colheita é compulsória”, poderá ser inserida neste contexto também. Podemos nos comparar com o jardineiro, que trabalha no imenso jardim chamado subconsciente. Temos a livre opção pela semente que será plantada. Como consequência, teremos o fruto advindo daquela semente. Devemos escolher plantar o que nos trará “vida e vida em abundância”, devemos escolher plantar a paciência, tolerância, compreensão, amor, gratidão e evitar os pensamento, ideias, imagens e cenas que expressam um estado emocional perturbado como a raiva, ódio, inveja, maledicência, descaso etc…
Para finalizar, o Dr. Joseph Murphy afirma que quando os pensamentos são transmitidos à mente subconsciente, as impressões se fazem nas células do cérebro. Logo que o subconsciente aceita uma ideia, ele (o subconsciente) começa imediatamente a executar. Opera por associação de idéias e utiliza qualquer fragmento de conhecimento que reunimos em toda nossa vida para realizar o seu intento. Traz consigo o poder infinito, a energia e a sabedoria que existe dentro de nós. Algumas vezes pode trazer uma solução imediata para os nossos problemas, em outras poderá levar dias, semanas ou muito mais tempo... Seus métodos estão além de nossa compreensão.
Daniel F. Leone
Referências Bibliográficas
O Poder do Subconsciente, Joseph Murphy ph.D
Autodescobrimento: Uma Busca Interior, Joanna de Ângelis e Divaldo Pereira Franco
