segunda-feira, 4 de março de 2019

Pote rachado

Essa história é sobre um camponês que sobrevivia vendendo água para um mercado. Ele colocava a água que vendia em dez jarros.



Então, todas as manhãs, pendurava uma vara em suas costas e colocava um jarro de cada lado. Depois de encher os jarros, o camponês os levava para o centro da aldeia, onde vendia a água. No entanto, existia um pote que estava rachado.
O camponês, porém, não deixava de utilizar esse pote, inclusive optava por usá-lo na primeira viagem do dia ao poço, junto com um pote em boas condições, cada um pendurado de um lado da vara.
Logicamente, quando o camponês chegava ao mercado, grande parte da água do pote rachado já havia se esvaído. Dessa maneira, ele conseguia cumprir metade do que foi acordado, ganhando apenas pelo pote que não desperdiçava água.
Os outros potes, percebendo a situação, começaram a conversar entre si. Eles não conseguiam compreender a atitude do homem. Ele estava perdendo a oportunidade de ganhar mais dinheiro optando por usar o pote danificado.
No meio dessa situação, o pote rachado começou a se sentir triste, envergonhado. Afinal de contas, esteve junto ao camponês por muitos anos, sempre cumprindo sua função com excelência e ajudando-o a conseguir o seu dinheiro com dignidade, até que apareceu um defeito em seu corpo. Ele se enxergava como um inútil, sentia que o camponês só continuava utilizando-o por dó, e não achava certo, porque impedia seu parceiro de manter sua renda necessária.
O questionamento permanecia: “Com tantos potes novos e em perfeitas condições, por que não substituía o velho de uma vez?”
O camponês não se importava com os questionamentos dos potes. Ele apenas balançava a cabeça e sorria, o que os deixava preocupados, acreditando que seu dono estava ficando louco. Muitas vezes, a única reação dele era tirar farelos dos bolsos e espalhar pelo caminho.

Uma grande lição

No final de um dia, quando o camponês estava se preparando para descansar, o pote rachado o chamou para conversar. Ele ouviu atentamente enquanto seu companheiro de longa data falava. O pote disse que amava o seu trabalho, mas não se via mais como útil, e que não queria ser mantido apenas por pena, compaixão. Ele preferia ser descartado do que se tornar um peso.
Então, chegou a vez do camponês falar. Com um sorriso no rosto, ele disse que nunca passou pela sua cabeça desfazer-se de seu companheiro, porque ele lhe era extremamente útil.
“Útil?”, questionou o pote. Como posso estar sendo útil se, por minha causa, você perde dinheiro todos os dias?
O camponês, então, pediu que ele se acalmasse e esperasse, porque no dia seguinte ele lhe mostraria porque era tão valioso.
Quando o dia amanheceu e chegou o momento de sair para o trabalho, o homem disse para o pote: “Esteja atento a tudo, a cada lado da estrada até o poço.”
O pote obedeceu e durante todo o caminho pode notar, mas viu uma estrada agradável, viva e cheia de flores. Então, quando chegaram ao poço, ele disse ao seu companheiro que não conseguiu encontrar uma resposta clara durante o trajeto.
O camponês o olhou e com todo o amor, lhe disse: “Desde que você rachou, fiquei pensando na melhor maneira de conseguir usar suas capacidades. Então me veio a ideia de espalhar sementes pelo caminho, de tempos em tempos. Essas sementes são regadas todos os dias por você, e agora que elas se desenvolveram, além de poder contemplar uma paisagem linda e colorida todos os dias, ainda posso colher algumas plantas e vendê-las no mercado, a um preço superior ao da água. Percebe a importância que você tem para mim?

Nunca deixe de acreditar em seu próprio valor, você tem uma grande missão.

O pote rachado, emocionado, entendeu o seu verdadeiro valor e, daquele dia em diante, nunca mais questionou sua importância para o seu companheiro.




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